Minha vida na pesagem é tema do 5º episódio do Vozes de Peso

Publicado em 15 de Agosto de 2023

O quinto episódio do podcast “Vozes de Peso”, da Prix, contou com a participação especial de Luzinete Marques de Lima, mais conhecida como Tia Lu, que é colaboradora no setor de manufatura/montagem eletrônica, da Toledo do Brasil, há 35 anos.
Na ocasião, ela abordou diversos assuntos, como o trabalho social que desenvolve com comunidades carentes, sua vinda para São Paulo, ainda na adolescência, sua experiência em diversas indústrias, inclusive na concorrente, Filizola, a luta por direitos trabalhistas e melhorias na produção, a importância da CIPA na fábrica e o convívio com o Sr. Ricardo Haegler, fundador da Toledo do Brasil. Continue lendo este artigo e confira!

Trabalho social em comunidades carentes

Poucas pessoas sabem, mas, além de sua jornada de trabalho, Luzinete se dedica a ajudar o próximo, por meio da comunidade Sagrada Família. “Trabalhamos com crianças e adultos moradores de rua. Às vezes, as mães das crianças estão presas ou são dependentes químicos e elas ficam com parentes, passando necessidade. Então, a gente oferece uma mistura, arruma roupa e entrega sopa”.
Devido à sua vocação para o trabalho social, Luzinete deseja se formar em serviço social, a fim de dar mais embasamento às suas atividades.

“Para trabalhar nas comunidades, ajudar as pessoas…porque é muito bom. Assistente social mexe muito com direitos públicos. Então, é isso que eu tenho vontade de fazer”.
Ainda de acordo com ela, o Sr. Ricardo Haegler, fundador da Toledo do Brasil, já colaborou com esse trabalho, doando uma balança para pesar as misturas oferecidas para as crianças. “Ele também já me deu R$ 1 mil para comprar uma mesa para as pessoas sentarem para comer”, relata.

luzinete

Vinda para São Paulo e primeiros empregos

Outro tema abordado por Luzinete no podcast “Vozes de Peso” foi sua vinda de Tacaimbó (Pernambuco) a São Paulo, aos 14 anos.

Conforme relatou, ela veio acompanhar uma vizinha que se casou com um caminhoneiro, engravidou e não queria ficar sozinha. “Eu fiquei com ela um tempão. Ela disse que ia ajudar minha mãe, que trabalhava na roça, mas nunca ajudou. Aos 16 anos, eu fugi, fui morar com uma colega e tirei minha carteira profissional porque queria trabalhar registrada. Depois, arrumei trabalho e consegui pagar pensão para ela”.
Com o tempo, Luzinete traria a mãe e os irmãos para São Paulo, sendo que uma parte da família se estabeleceu em Jundiaí.
Seu primeiro emprego foi em uma fábrica de antenas, chamada Beasa. “Fiquei lá um tempão, aí eu comecei a me envolver com a parte sindical porque tinha umas injustiças que eu não concordava”.
Dessa forma, Luzinete foi convidada para integrar o Sindicato de São Paulo, para fazer reuniões na empresa e levar os problemas para a diretoria. “Passaram-se oito meses, eles perceberam que eu era esperta, incomodaram-se e me mandaram embora”.
Pouco tempo depois, Luzinete arrumou um emprego como operadora de furadeira na empresa Eclin, onde permaneceu por três anos nesse cargo e atuou mais seis anos no setor de eletrônica.
Porém, foi demitida após encabeçar uma reivindicação por melhores condições no restaurante, onde anteriormente, as marmitas eram esquentadas em banho maria, molhando a comida. “Conseguimos um restaurante simplesinho, mas muito bom, não precisava mais levar marmita. Mas eles acharam que eu não deveria ter mexido com isso e me mandaram embora de novo”.

Experiência na Filizola e contratação pela Toledo do Brasil

A terceira experiência profissional de Luzinete foi na indústria Oswaldo Filizola, que, assim como a Toledo do Brasil, é especializada em balanças.
“Preenchi uma ficha na empresa e me chamaram depois de uns dois dias. Fiz dois treinamentos, um de uma semana e um de 15 dias. Mas, para ser contratado não era chegar e aprender. Você tinha que provar que sabia”.
“Fiquei lá por seis anos. Era uma seção muito grande, com bastante mulheres. Eu performava componentes eletrônicos, soldava placas…trabalhava só com placas, não era balança, eram apenas as placas”.
Porém, com o tempo, o sindicato recebeu reclamações de que funcionárias da Filizola estariam sofrendo assédio por parte dos encarregados e promoveu uma paralisação de um dia para protestar.
Isso custou o emprego de Luzinete, que, no mês seguinte iniciaria sua trajetória de 35 anos na Toledo do Brasil.
“Foi lá na Toledo do Ipiranga. Tinha uma portaria do RH e uma parede que virava a esquina, com uma fila de pessoas. Eu passei e perguntei o que estava acontecendo e me responderam que a Toledo tinha vagas para trabalhar no setor de eletrônica. Fiquei por lá, fiz minha ficha e em três ou quatro dias, me chamaram para fazer a entrevista. Fiz o teste e fui contratada”.

Importância da CIPA

Na Toledo do Brasil, Luzinete passou a fazer parte da Comissão de Prevenção de Acidentes (Cipa) e conseguiu o apoio da alta gestão, que viabilizou a contratação de um técnico de segurança para atuar na empresa. Ela ressalta que é agora integra a Cipa pela segunda vez e que suas motivações vão além da estabilidade garantida por essa atuação.

“A Cipa é um trabalho sério, é prevenção de acidentes. Você tem que estar sempre ligada no seu companheiro, na máquina, você tem que ter olho mágico para todo lado, para você prevenir o acidente. Precisa pensar em melhorias contínuas, a segurança é uma coisa séria, porque você não sabe quando vai acontecer o acidente”, afirma.

Convívio com o fundador da Toledo do Brasil

Trabalhando na Toledo do Brasil, Luzinete teve a oportunidade de conviver com o Sr. Ricardo Haegler, fundador da empresa. “Ele era uma pessoa maravilhosa, muito brincalhão, não tinha quem não gostasse dele. Nós tivemos muita amizade”, ressalta.
De acordo com a profissional, ela fazia parte do sindicato e frequentemente negociava com o patrão. “Ele sempre queria estar presente, saber das nossas reivindicações, sempre ouvia, saía para conversar com os parceiros e vinha com uma resposta positiva”.
Por meio desse contato, Luzinete garantiu uma série de conquistas para o time de colaboradores, como a contratação do técnico de segurança e o desjejum para os funcionários.

“Cheguei no ‘Seu’ Ricardo e falei: ‘o pessoal levanta muito cedo e fica até às 9 horas sem comer nada, sem tomar café. A pessoa alimentada produz melhor. Pensa com carinho’ e ele implantou o desjejum.

Conclusão

Neste artigo, resumimos a passagem de Luzinete Marques de Lima, a tia Lu, pelo podcast “Vozes de Peso”. Assista o vídeo na íntegra:

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