Critérios para a escolha de uma balança de laboratório
Critérios para a escolha de uma balança de laboratório
O que se deve considerar na escolha de uma balança de laboratório? A verdade é que não existe uma única resposta, e o objetivo desse artigo é explicar alguns dos aspectos de um produto desse tipo.
Antes, porém, é importante deixar claro que o primeiro cuidado é na escolha do fornecedor. Pesquise na internet sobre a reputação da empresa. Procure identificar também se a empresa conta com um suporte técnico/operacional para dar uma orientação adequada, e se conta também com assistência técnica próxima. São aspectos fundamentais tanto no processo de aquisição quanto no pós-venda.
Agora, vamos às balanças. Todo fabricante de balanças de laboratório apresenta as especificações dos seus produtos. Uns com mais detalhes, outros com menos, mas entre as informações fundamentais, encontraremos essas:
- Capacidade máxima
- Divisão (ou resolução)
- Repetibilidade
- Linearidade
- Tempo de estabilização
- Temperatura de trabalho
- Classe de exatidão
1. Capacidade máxima:
Essa é a característica mais elementar de qualquer especificação e, por isso, é bem fácil de entender. A capacidade máxima deve ser rigorosamente observada pelo operador, pois fazer pesagens acima desse nível pode causar danos permanentes ao equipamento.
2. Divisão / Resolução:
Também conhecido como incremento ou legibilidade, é o menor valor que pode ser lido em uma balança. É necessário ter atenção a esse aspecto para não correr o risco de adquirir um produto incompatível com a tolerância do processo.
Por exemplo: se o valor de 0,0005 g (ou seja, 0,5 mg) é significativo para o processo, não se deve adquirir uma balança de 3 casas decimais (0,001 g), pois não será possível ler 0,0005g nela.
Embora pareça óbvio, a divisão às vezes é ofuscada pela preocupação que se tem com a capacidade máxima do produto.
Vale lembrar que a divisão está intimamente ligada à capacidade. Nem sempre a capacidade máxima estará disponível em conjunto com divisão desejada. Por exemplo: você encontrará facilmente uma balança de 220g com divisão de 0,0001g, mas não encontrará uma balança de 2.000g com a mesma divisão de 0,0001g.
3. Repetibilidade:
Nesse ponto a análise começa a ficar mais interessante, porque estamos falando de um dos aspectos mais importantes no desempenho de uma balança de laboratório.
Em termos simples, a repetibilidade (que também é chamada de incerteza) é a capacidade que a balança tem de reproduzir o mesmo resultado quando pesamos repetidas vezes uma mesma massa.
Para descobrir a repetibilidade da balança, temos que fazer a medição usando o mesmo peso-padrão (valor entre 5% e 100% da capacidade da balança), por pelo menos 10 vezes, anotar os valores medidos e calcular o desvio padrão entre eles. O resultado é a repetibilidade.
Quanto menor o número apresentado na especificação, melhor é o produto!
A repetibilidade é muito importante quando se deseja calcular o peso mínimo que pode ser pesado naquele equipamento, levando em consideração uma tolerância de erro preestabelecida. Saiba tudo sobre Peso Mínimo nesse artigo.
4. Linearidade:
É a condição da balança de fazer pesagens exatas em toda a sua escala, ou seja, de forma linear. No entanto, sempre haverá uma pequena parcela de erro nesse processo, que é justamente o valor que encontramos nas especificações dos fabricantes.
Assim como na repetibilidade, quanto menor o número, melhor!
Importante destacar que, se a balança for utilizada apenas em uma faixa de pesagem, e não até a capacidade máxima, a verificação pode ser feita nesta faixa, também chamada de “ponto de trabalho”. Porém, tenha em mente em uma fiscalização de órgão metrológico provavelmente sua balança será verificada até a capacidade máxima.
5. Tempo de estabilização:
É o período necessário para a balança alcançar um resultado estável. É um aspecto ligado diretamente à produtividade. Ninguém deseja ter um equipamento relativamente lento, não é?
Vale destacar que, para se alcançar uma leitura estável no menor tempo possível, além de o equipamento precisar ser de boa qualidade, é importante observar as condições do ambiente onde está instalado. Locais com vibrações, correntes de ar e muito trânsito de pessoas vão interferir diretamente no tempo de estabilização. A mesma ideia se aplica ao conceito de repetibilidade.
6. Temperatura de trabalho:
É a faixa de temperatura em que o fabricante garante que produto funcionará bem. Este parâmetro é tão importante que o próprio INMETRO, na ocasião da aprovação de modelo das balanças, realiza os ensaios e determina os limites mínimo e máximo de temperatura. Estas informações estão presentes na placa de identificação que são afixadas em todas as balanças. Em hipótese alguma deve-se operar um equipamento acima ou abaixo dos limites especificados.
7. Classe de exatidão:
É, do ponto de vista metrológico, o grupo ao qual a balança pertence de acordo com a portaria 236/94, que é a portaria que regulamenta o uso, a manutenção e a fabricação de instrumentos de pesagem no Brasil. A partir da classe de exatidão é que se calcula os erros máximos permitidos para aquele equipamento. Aprenda a calcular o erro máximo permitido de uma balança nesse artigo.
Para finalizar, vale destacar que, no Brasil, é obrigatório a aprovação de modelo pelo INMETRO. Portanto, só adquira produtos com essa aprovação.
Como dissemos no início do artigo, esses são apenas alguns aspectos de uma balança de laboratório. Há outros que estão relacionados aos recursos que cada produto apresenta, e que podem ser muito importantes dependendo da aplicação que a balança será submetida. Hoje em dia existem equipamentos que oferecem diversas funcionalidades além da função elementar de pesagem. Abordaremos sobre os recursos em outros artigos.