“O peso da inovação” é tema do 12º episódio do podcast Vozes de Peso

Para o coordenador do Comitê de Inovação da Toledo do Brasil, a ideia de que inovar é difícil é um mito. Saiba mais!

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No 12º episódio do podcast Vozes de Peso, os apresentadores Ana Paula Araújo e Renan Piza receberam Eduardo Rodrigues, coordenador de Inovação na Toledo do Brasil, que abordou o tema “o peso da inovação”.

Na oportunidade, o convidado falou sobre a importância de inovar e recriar processos e modos de pensar, e sobre o papel do Comitê de Inovação da Toledo do Brasil. Continue lendo nosso artigo e entenda tudo sobre o assunto.

Início na Toledo do Brasil e no comitê de inovação

Eduardo Rodrigues contou ao público do Vozes de Peso que começou a trabalhar na Toledo do Brasil como estagiário em técnico em eletrônica aos 15 anos e até hoje já fez cinco exames admissionais.

“Na primeira vez que entrei na empresa, fiquei um ano e meio como estagiário e a Toledo não pôde me efetivar. Depois, voltei para a Toledo como estagiário de nível superior e fiz o segundo exame. Nessa época, alguns colaboradores eram contratados por um instituto de pesquisa da Informat, que se tornou Ericson, exigindo a realização de um terceiro exame admissional”, detalha.

Ele destaca que em 2002, teve a oportunidade de ser efetivado pela Toledo, trabalhando no instituto de pesquisa de Brasília e passou por um quarto exame admissional. “Em 2005, retornei para São Paulo e voltei para a engenharia novamente, fazendo o quinto exame”, acrescenta.

Conforme explicação de Eduardo, ele atuou até 2008 com desenvolvimento de software embarcado e, entre 2008 e 2012, se dividiu entre essa função e a liderança do time de qualidade.

“Em 2013, passei a cuidar especificamente da qualidade de software, de testes de software e engenharia. Então, eu fiquei de 2013 até 2022 cuidando do time de teste e, em 2022, eu comecei a trabalhar com inovação”, expõe.
De acordo com Eduardo, ele passou a se interessar por inovação no período da pandemia de covid-19. “Eu fiz um curso on-line em uma escola de brasileiros que fica na Califórnia, no Vale do Silício, chamada Starts, e esse curso me abriu a mente e me fez cogitar trabalhar com inovação”.

Ele comenta que, nessa época, ele estava incomodado e buscando evolução na carreira. “Foi quando conversei com o Wagner Perini, gerente da engenharia de desenvolvimento, e o Aécio José de Carvalho gestor da área de projetos de software, e fiz um panorama de algumas áreas que eu poderia trabalhar, incluindo inovação e, para minha surpresa, foi criado um grupo de inovação dentro da engenharia”.

Segundo Eduardo, desde então, as coisas aconteceram rapidamente. “Eu vinha conversando com algumas pessoas, entre elas o Daniel Carioni e o Vander Camargo e percebemos que precisávamos montar esse comitê, e também falar um pouco de cultura. Nós percebemos que o Marco Dalostto do RH, também estava falando um pouco de cultura e puxamos ele para conversar”.

Ele afirma que os quatro profissionais perceberam que o grupo funcionou muito bem e preparou um rascunho do que poderia ser o Comitê de Inovação, para apresentar ao Edson Freire, o vice-presidente da empresa.
“O Freire olhou nossa proposta, achou interessante e mandou implementar o comitê. Aí começamos a construir o que seria esse Comitê de Inovação, que tomou uma proporção que nós não imaginávamos que teria, que as pessoas estariam tão engajadas. Foi uma surpresa para nós”, diz.

Toledo do Brasil inova em várias frentes

Para Eduardo, a Toledo começou a inovar bem antes da implementação do Comitê de Inovação. “A Toledo já tinha um plano de sugestões há 20 anos, incentivando os colaboradores a compartilharem suas ideias”.

Ele ressalta que a empresa inova em várias frentes e que o Comitê de Inovação veio para ajudar a gerir essas iniciativas e colocar todos em uma mesma página, em um mesmo sentido.

“Percebemos que o plano de sugestões, por exemplo, apesar de ele ter dado resultado ao longo do tempo, as ideias vinham muito focadas em melhorias na fábrica, na manufatura. Além disso, o número de ideias vinha caindo”, comenta.

Eduardo afirma que os profissionais a frente do Comitê perceberam que todas as empresas inovadoras contam com uma plataforma digital para gerir as sugestões compartilhadas pelos colaboradores.

“Aí nasceu a proposta de transformar isso em um programa de ideias, que é a nossa plataforma, que estamos lançando agora, e incentivar que esses colaboradores tragam suas ideias para dentro do programa. O que estamos fazendo, na verdade, é uma turbinada do que já tínhamos, que era o plano de sugestões”, revela.

ChatGPT da Toledo do Brasil

Eduardo contou que o um dos projetos que estão sendo executados pelo Comitê de Inovação da Toledo do Brasil envolve o uso da IA generativa para auxiliar no suporte técnico.

“Temos um grupo grande na assistência técnica, que dá suporte tanto para os técnicos quanto para os clientes. Então, veio a ideia de criarmos um chatbot, usando o ChatGPT, essa tecnologia de IA generativa que hoje está tão em voga”.

Ele destaca que o comitê conseguiu unir o time de projetos de software da engenharia com a equipe de assistência técnica a fim de criar um chatbot, que vai responder a perguntas e tirar dúvidas sobre alguns produtos da Toledo.

“Já está funcionando. Ele já está tirando dúvidas sobre o MGV7, MGV Cloud e Guardian. Está sendo treinado porque, às vezes, ele dá respostas erradas. Isso é natural nesse desenvolvimento. Mas a correção já está em andamento”, relata.

Eduardo afirma que o Comitê de Inovação também está desenvolvendo um projeto preditivo. utilizando machine learning, para fazer estimativa de vendas e o planejamento de produção.

“Hoje, isso é feito por meio de reuniões, levando de três a quatro dias para falar de todas as linhas de produtos. Pretendemos, com esse modelo, ser mais assertivos na predição de vendas”.

Ele ainda frisa que esse projeto está sendo desenvolvido por uma startup. “Contratamos uma startup, que está trabalhando conosco e vai construir esse modelo rapidamente. Em oito semanas, eles conseguem já entregar os primeiros resultados para nós”.

Sim para algumas coisas

Segundo Eduardo, o grande problema da inovação é dizer “sim” para muitas coisas. “Quem diz ‘sim’ para muitas coisas, automaticamente diz ‘não’ para várias, porque não conseguimos fazer tudo. O que queremos saber é: entre todos os territórios, todas as ideias que a Toledo tem de inovação, quais que a companhia quer priorizar?”.

Eduardo disse o planejamento estratégico de inovação deve ficar pronto em 2024. “Nós vamos saber quais são as áreas em que queremos atuar em 2024 e, aí, toda a companhia pode olhar para aquele planejamento estratégico e falar assim: ‘isso aqui é prioridade para nós’”.

Toledo do Brasil e Cubo

De acordo com Eduardo, a Toledo do Brasil está avançando na área de inovação aberta. “Desde o ano passado, a empresa está filiada ao Cubo Itaú e pretendemos, até o ano que vem, colocar mais um colaborador para nos ajudar com esse braço da inovação.

Ele explica que o Cubo Itaú é um hub de inovação, que faz um link entre vários atores atrelados a esse ecossistema.
“O Cubo junta as grandes corporações e tem umas 100 corporações associadas a ele. Outro ator dessa cadeia são as startups. Lá, no Cubo, há cerca de 500 startups. Também têm parceiros que ajudam a qualquer um dos dois, corporações associadas e startups”.

Segundo Eduardo, o Cubo oferece uma consultoria de inovação, conta com empresas que fornecem tecnologia, e, agora, está com mais uma categoria, que é a de investidores. “São fundos de investimentos que querem investir em startups de maneira bem agressiva”, enfatiza.

Ele ressalta que o Cubo é um ecossistema completo. “É um prédio, como se fosse um coworking, mas também tem uma plataforma digital. O que é essa plataforma digital? É um site em que conseguimos fazer algumas coisas, como prospectar startups, para ver se tem alguma startup que tenha afinidade com o nosso negócio, e conseguimos lançar desafios”.

Ele destaca como exemplo de desafio, o projeto de predição de vendas idealizado pela Toledo. “Se temos um desafio dentro da Toledo, nós podemos levar esse desafio para o Cubo, como nós fizemos; prospectamos e trouxemos uma startup. Tudo isso de forma on-line. Conseguimos criar um desafio, é diferente, mas a ideia geral é muito parecida com a plataforma que temos de ideias”, comenta.

Conforme expõe, com a Toledo filiada ao Cubo, seus representantes têm acesso a uma série de eventos sem nenhum custo adicional. “São eventos como workshops e treinamentos, que são feitos para que haja uma conexão entre os atores. Agora, vamos ter uma cadeira uma vez por semana para estarmos fisicamente no Cubo, porque esse contato é importante”.

Porque inovar

Questionado sobre quais as vantagens que uma empresa tem em ter um Comitê de Inovação, Eduardo diz que isso possibilita conversar sobre inovação de uma maneira corporativa.

“Muitas ideias, que não iriam para frente no Comitê de Inovação, ganham força porque olhamos para todas as áreas ao mesmo tempo e pensamos em como unir uma proposta à outra. E normalmente, a pessoa que está dentro da área não tem essa visão de quem ela chamaria para desenvolver uma ideia com ela”.

Ele destaca que, em outra situação, as sugestões não seriam priorizadas dentro das áreas, porque os departamentos têm suas prioridades, e isso é uma questão de fluxo.

“Então, nós trazemos essas ideias, damos visibilidade a elas e fazemos com que elas sejam concretizadas de fato. Nesse sentido, nós selecionamos as propostas que vão dar mais resultado. Queremos ter todas as ideias, mas temos que selecionar as que dão mais resultado para alavancar”.

Eduardo observa que a Toledo vive o melhor momento de sua história, mas não deve deixar de inovar. “Esse é o momento mais perigoso para a companhia, porque as pessoas e as empresas quando estão nessa situação de liderança, baixam a guarda e é nesse momento que elas tomam os maiores tombos”.

Ele frisa que hoje a velocidade das inovações está muito grande. “Então, se deixarmos de inovar, não é difícil sermos atropelados em determinado nicho ou produto”.

Para Eduardo, esse é o momento ideal para investir em inovação. “No meio de uma crise, a empresa não vai investir em inovação. Se estamos passando por um período bom, devemos continuar investindo em inovação, para enfrentarmos potenciais crises da melhor maneira possível”.

Perguntas de peso

Durante o 12º episódio do podcast Vozes de Peso, Ana Paula Araújo e Renan Piza apresentaram a Eduardo três perguntas recebidas dos colaboradores da Toledo do Brasil. Veja, a seguir, quais eram essas perguntas e o que ele respondeu.

1) Como faço para identificar uma oportunidade de inovação e como as empresas podem incentivar as práticas de experimentação e aprendizado contínuo, mesmo diante do medo do fracasso?

Segundo Eduardo, para identificar uma oportunidade de inovação, é importante olhar para as ideias e entender qual dor elas resolvem. “Pode ser uma ideia maravilhosa, mas, se ela não resolve um grande problema da companhia, talvez ela não seja uma grande ideia”.

Sobre como as empresas podem incentivar as práticas de experimentação e aprendizado contínuo, ele cita a necessidade de trabalhar com a capacitação da média liderança. “A capacitação desse recheio da empresa, que é a liderança média, vai fazer com que isso flua de uma maneira mais tranquila”.

Eduardo também destaca a importância de reduzir o risco e o impacto da falha para não fracassar catastroficamente. “Nós aprendemos muitas técnicas na Masterclass de Inovação, justamente para isso”.

Ele explica o conceito do Mínimo Produto Viável como a possibilidade de reduzir o risco do projeto, identificando as possíveis falhas e desvios e colhendo um feedback do cliente o quanto antes.

“Assim, se nós falharmos, falhamos pequeno. Aprendemos rápido, voltamos e lançamos uma nova versão. Assim, diminuímos o risco à falha e, se ela acontecer, não vai ser catastrófica”.

2) Por que inovar é tão difícil?

Eduardo defende que inovar não é difícil, porém, quando não se conhece as técnicas e metodologias, isso aumenta a dificuldade.

“Estamos trazendo as ferramentas para que as pessoas entendam que inovar é tão simples quanto fazer qualquer coisa no dia a dia. E, para mostrar que a inovação é fácil, também trabalhamos a cultura”.

Ele afirma que pode ser que as pessoas estejam até mesmo inovando em suas áreas, sem saber que o nome disso é inovação.

“Tem uma série de inovações pequenas no nosso dia a dia. Dizem que 70%, 80% das inovações de uma empresa estão ali na rotina. São pequenas ideias”.

Segundo expõe, para implementar uma ideia, é importante fazer um balanço. “Convém avaliar quanto se gasta para implementar essa ideia e quanto ela traz de resultado. Se a diferença for positiva, em favor do resultado, estamos inovando”.

3) Como você consegue estimular sua criatividade e o que você acha que devemos fazer para ter ideias mais inovadoras?

Eduardo afirma não se considerar uma pessoa muito criativa, mas diz que estimula sua criatividade com leituras.

“Estou lendo e tendo muito contato com coisas diferentes. Eu leio notícias, leio materiais diversos, entro em cursos que não têm nada a ver comigo, vou para eventos que, aparentemente, não têm nada a ver”.

Ele ressalta, que, por meio do Cubo, participa de eventos na área de agronegócios, que estão relacionados ao universo da Toledo do Brasil, e também eventos de construção civil e de saúde, áreas em que a Toledo não atua diretamente.

“Essas experiências trazem insights para podermos, de repente, pegar uma determinada ideia que vimos aplicada em uma determinada área e aplicar na nossa”.

Diversidade de ideias

Eduardo afirma que a diversidade é muito importante para a criatividade. “Estou falando de tudo, diversidade de gêneros, diversidade de pensamentos, pessoas com formações diferentes. Se eu colocar só engenheiros em uma sala, eles vão pensar como engenheiros. Se eu colocar só administradores, eles vão pensar como administradores. De repente, se eu coloco um cientista de dados para olhar um problema da área da administração, ele dá uma ideia totalmente diferente”.

Ele comenta que assistiu a uma palestra, que abordava exatamente esse tema. “Muitas empresas contratam apenas profissionais que se formaram em determinadas universidades. Assim, só trazem pessoas com o mesmo pensamento”.

Para Eduardo, existe uma grande diferença entre um profissional que estudou em uma das melhores universidades e um que mora em São Paulo, na zona leste, e pega todos os dias o trem e o metrô para ir trabalhar.

“Essas pessoas precisam arrumar soluções criativas para os próprios problemas e, às vezes, têm mais criatividade do que aquelas pessoas que não passam pelas mesmas dificuldades”, enfatiza.

Dica de peso

Para finalizar o podcast, Eduardo foi convidado a dar uma dica de peso ao público do programa e seu conselho foi não deixar de estudar.

“Não parem de estudar, se querem avançar na carreira, continuem estudando. Eu, com 41 anos, voltei para a sala de aula. Estou começando uma pós-graduação”.

Ele afirma que não precisa necessariamente ser uma educação formal. “Não precisa ir em uma universidade, uma faculdade. É possível fazer cursos on-line”.

Para ele, a educação continuada é fundamental para as pessoas, assim como inovar é para as empresas. “Dizem que, no decorrer da nossa carreira, nossa geração vai passar por pelo menos três profissões diferentes. Então, se nós pensarmos que no decorrer da nossa vida nós vamos ter talvez três experiências diferentes, de carreiras diferentes, a gente percebe que não podemos parar de estudar”.

Conclusão

Neste artigo, apresentamos um resumo da entrevista com Eduardo Rodrigues no 12º episódio do podcast Vozes de Peso.

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